terça-feira, 30 de abril de 2013

Envia-me a mim, não os outros

“No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as orlas do seu manto enchiam o templo. Ao seu redor havia serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, e com duas cobria os pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; a terra toda está cheia da sua glória. E as bases dos limiares moveram-se à voz do que clamava, e a casa se enchia de fumaça. Então disse eu: Ai de mim! pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos! Então voou para mim um dos serafins, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; e com a brasa tocou-me a boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e perdoado o teu pecado. Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim”. (Isaías, 6-1-8)


A palavra começa assim: no ano em que morreu o rei Uzias, em outras palavras, o profeta está dizendo com muita clareza, a sua visão foi tão extraordinária, que tem ano e tempo marcado, foi no ano em que um rei daqui da terra morreu. E ele não teve uma visão qualquer daqui da terra, mas lá do céu. Repito ele viu o Senhor dos Exércitos sentando em seu trono no céu. Revendo a bíblia muitos outros profetas tiveram um contato mais direto com Deus. Abrão recebeu dois viajantes em sua tenda, mensageiros de Deus para anunciar que a velha e estéril Sara iria dar a luz ao seu filho. E depois Deus mudou seu nome para Abraão, que quer dizer pais de muitos filhos. Moisés teve também um belo encontro com Deus no monte Horebe. A sarça ardendo sem se consumir é bonito. Mas ver Deus assentado em seu trono no céu, isso só o profeta Isaías teve e descreve em toda a bíblia sagrada.

A visão é tão real que ele descreve tudo com riqueza de detalhes. Vejamos: o trono era alto e sublime, não era um trono qualquer tipo púlpito de uma igreja, de uma catedral, de uma cidade mundial, ou, coisa parecida. Até a orla do manto sagrado cobria todo o templo celeste.

Não eram anjos nem arcanjos que estavam por cima de Deus, mas os serafins, a casta mais alta da angelologia. A palavra diz que não há nada acima de Deus, pois todas as criaturas sejam do céu, sejam da terra terão de dobrar os seus joelhos diante do Deus Criador, Provedor e Senhor dos Exércitos. Realmente os serafins estavam por cima de Deus, mas veja como eles são descritos: cada um tinha seis asas e não sete asas, pois sete para os judeus é sinal de perfeição, por isso, aqueles serafins não eram perfeitos, eram anjos quaisquer, estavam por cima de Deus sim, mas com duas asas cobriam o rosto para não ver Deus, face a face, pois, nem os seres celestiais podem vê-Lo, e com outras duas cobriam os pés, e cobriam os pés para não ficarem de pé (os pés para o povo hebreu representam dignidade, respeito, notoriedade e igualdade). O costume do povo era sempre lavar os pés de quem chegava a sua casa para mostrar respeito. Quando Jesus lava os pés dos apóstolos reafirma para os judeus que o respeito e servir uns aos outros começa pelos pés. Os anjos cobrindo os pés, também, quer dizer que eles não eram iguais a Deus. E com as duas últimas voavam para ficarem por cima de Deus em posição de adoração, e clamaram uns para os outros constantemente: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos toda a terra está cheia da Sua glória”.

O clamor era tão forte e uníssono que até os umbrais, mais conhecidos por nós, como os batentes da porta tremiam, balançavam e, quase movimentavam as portas, e depois, muito depois a casa se encheu de fumaça, a fumaça lembra o sacrifício dos animais para a purificação dos pecados. Onde Deus está não pode ter pecado, tem que ter fumaça, tem que ter purificação.

O profeta vendo tudo isso e, em êxtase, caiu em si, ou melhor, usando o vício de linguagem “caiu em si mesmo”, eu diria na gíria “caiu na real”, acordou de um lindo sonho sem estar dormindo, olhando ao redor, percebeu o quanto era impuro e vivia no meio de um povo muito mais impuro, distante de tudo quanto há de mais sagrado e cristalino. Um povo que só vivia na mentira, na mais completa cegueira de visão e de conhecimento de Deus.

Quando o profeta vê um dos serafins pegando com um tenaz (uma pinça, um pequeno instrumento de ferreiro, essa imagem de um fundidor tirando ferro gusa do forno incandescente é muito bonita), uma pequena brasa do altar para colocar nos seus lábios.

Para purificar, limpar e santificar o homem basta uma pequena brasa, Deus não precisa de um braseiro inteiro, nem lavar o corpo inteiro, como queria Pedro, quando Jesus lavou apenas seus pés. É preciso purificar os lábios para servir de verdade a Deus, é preciso retesar os músculos da língua para não falar o que não se deve dizer, é preciso calar os lábios para poder ouvir o que Deus tem para nos ensinar todos os dias da nossa vida.

É preciso estar sempre atento, para escutar a voz de Deus dizendo a quem devo enviar, a quem devo chamar para o ministério. O barulho do mundo está muito alto, ninguém está escutando mais nada que vem de Deus. O mundo está esquecido de Deus, como estava no tempo em que o profeta Isaías foi chamado, mas ele, somente ele, escutou e disse: “eis-me aqui, envia-me a mim”, olha bem o que o profeta diz: “envia-me a mim” e não aos outros, mas "a mim mesmo".

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Advento é o zelo de Deus pelos homens


Contudo, não haverá mais escuridão para os que estavam aflitos. No passado ele humilhou a terra de Zebulom e de Naftali, mas no futuro honrará a Galileia dos gentios, o caminho do mar, junto ao Jordão. O povo que caminhava em trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz. Fizeste crescer a nação e aumentaste a sua alegria; eles se alegram diante de ti como os que se regozijam na colheita, como os que exultam quando dividem os bens tomados na batalha. Pois tu destruíste o jugo que os oprimia, a canga que estava sobre os seus ombros e a vara de castigo do seu opressor, como no dia da derrota de Midiã. Pois toda bota de guerreiro usada em combate e toda veste revolvida em sangue serão queimadas, como lenha no fogo. Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Ele estenderá o seu domínio, e haverá paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, estabelecido e mantido com justiça e retidão desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isso. (Isaías, 9-1-7)


Quando tudo parece improvável, a ruína bate à porta, os caminhos se fecham para as montanhas ou para o mar, as trevas invadem os dias e até as noites, não há mais estalagens para descansar os pés do viajante; o trem de ferro não tem mais estação de parada, não há trégua para as batalhas travadas no cotidiano, os rios antes transbordantes, hoje secos, sem vida, sem margens e sem ânsia de chegar aos oceanos, o jugo é mais pesado do que jornada diária, a vara pesa e fere os ombros, o ônus das investiduras são bem maiores que o bônus auferido, eis que aparece naquela terra que foi angustiada, desprezada, esquecida e maltratada, nos primeiros tempos, a terra de Zebulom e a terra Naftali, a palavra advento. Advento propõe uma chegada. Propõe uma estrada pela qual se chega de carro ou de biga, em liteiras ou camelos, ou num simples burrico, sem guarnição, sem pedrarias, sem cela, sem coisa alguma. Propõe uma manjedoura iluminada por uma simples estrela-guia. “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz.”

A palavra advento significa domínio, trono, poder, reino, justiça, retidão e zelo do Senhor dos Exércitos que realizou tudo isso e, muito mais, para que os homens se alistem às fileiras deste principado de paz que não tem fim.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

salmo 23

quando tudo era vazio
e só havia escuridão
Deus disse: faça-se luz!
e tudo ficou iluminado
até o que era vazio e triste

passei um longo tempo
da minha vida com enorme asas
entre sombras, promessas e solidão
vales escuros e montanhas íngrimes

hoje não tenho mais asas
mas, um coração contrito e feliz,
porque sei que Deus me cobriu
com asas divinas que me levarão para o céu
que não posso ver com os olhos
as nuvens encobrem o azul
enquanto não chega a brisa leve:
"mesmo quando eu andar
por um vale de trevas e morte,
não temerei perigo algum,
pois tu estás comigo;
a tua vara e o teu cajado me protegem."

domingo, 14 de abril de 2013

Resenha

O livro "Conversas com Lutero" - História e Pensamento, de autoria de Elben M. Lenz César, é uma revisita literária a um período áureo do nascimento da civilização antes do pensamento humanista e do iluminismo que iria surgir no velho mundo já decadente e exaurido dos valores mais importantes para a caminhada da humanidade.

A leitura desse livro reacendeu-me o prazer pela leitura de um trabalho sério, árduo e criterioso para trazer à luz ideias e pensamentos que deveriam estar presentes nos dias de hoje. "A lei diz: faça-se isto, mas nunca se faz; a graça diz: Creia em Jesus Cristo, e já está tudo feito." Valeu a pena ler isso!

O livro junta de uma maneira simples o cotidiano com o é eterno e mostra a vida prática com as questões teológicas mais profundas. Balança o nosso consciente com o nosso inconsciente.

É uma recomendação prazerosa e feliz de uma publicação da Editora Ultimato de Viçosa - Minas Gerais.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Dom não é ofício


Disse o Senhor a Moisés: Toma os levitas em lugar de todo primogênito entre os filhos de Israel e os animais dos levitas em lugar dos animais dos filhos de Israel, PORQUANTO OS LEVITAS SERÃO MEUS. EU SOU O SENHOR.” (Nm 3.44-45)

 Levi foi o terceiro filho de Jacó e Lia, e sua tribo foi eleita por Deus para ocupar-se das questões do culto em Israel. Levi do hebraico lêwi ligado a raiz iãwâ significa juntar, ou, ainda hillaweh que significa unir. "De novo engravidou e, quando deu à luz mais um filho, disse: Agora, finalmente, meu marido se apegará a mim, porque já lhe dei três filhos". Por isso deu-lhe o nome de Levi." (Gn 29.34)

Moisés e Arão eram da tribo de Levi (Ex 2.1, 4.14, 6.16-27). A tribo de Levi foi separada por Deus das outras e designada com as responsabilidades de conduzir os sacrifícios (Arão e seus filhos – Nm 3:10) e de desmanchar, transportar e erigir o tabernáculo, durante o tempo da peregrinação (Nm 1.47-54).

Disse o Senhor a Moisés: “Faze chegar a tribo de Levi e põe-na diante de Arão, o sacerdote, para que o sirvam e cumpram seus deveres para com ele e com todo o povo, diante da tenda da congregação, ministrarão no tabernáculo. cuidarão de todos os utensílios da tenda da congregação e cumprirão o seu dever para com os filhos de Israel.” (Nm 3.5-8)

O serviço dos levitas começava quando atingiam a idade de 25 anos e continuava até os 50 anos (Nm 8.24-26) A obrigação dos levitas era carregar os três objetos da Arca da Aliança: as duas tábuas da lei, o pote de ouro com maná e o cajado de Arão. (Nm 17) Quando Davi estabeleceu um local permanente para a arca, a idade do serviço baixou para os 20 anos, pois não havia mais necessidade de levitas maduros como carregadores (1Cr 23.24).

Hoje os ministros de louvor e músicos evangélicos são chamados de "levitas". È bem recente, mas parece que já está se tornando tradição. No Novo Testamento não temos referência a ministros de louvor nem a instrumentistas na igreja.

Dom não é ofício, mas graça, que se recebe de graça. De uma forma bem clara, quando nos colocamos diante da igreja para servir com nossos dons, quando nos empreendemos na realização do culto ao Senhor, estamos sendo um levita que ajuda a um irmão que está na igreja, mas não está adorando ao Senhor, porque está muito necessitado, oprimido ou bloqueado pelo inimigo. Enquanto servimos ao Senhor cantando ou tocando, estamos elevando a Ele um culto, e Ele recebe por nós e por toda a igreja.

O louvor ao Senhor é uma grande batalha.

Quando louvamos estamos lutando contra nossa carne, para elevarmos a Deus um louvor em Espírito. Quando louvamos estamos lutando contra nossa alma, para não buscarmos apenas o que nos agrada, nos emociona, ou nos interessa. Precisamos buscar o que o Espírito Santo deseja que ofertemos ao Senhor. Quando louvamos estamos lutando contra satanás e seus demônios, que não querem que adoremos ao Senhor. Eles trabalham intensamente para que as vidas não sejam tocadas pela unção do Espírito Santo.

Portanto o louvor não é uma apresentação, um show. Não estamos realizando nosso hobby, não estamos exibindo nossas habilidades, não estamos fazendo o que gostamos e sabemos. No louvor, estamos em uma batalha espiritual intensa.

Esta batalha não se vence gritando muito ou declarando algumas frases de impacto. Esta batalha se vence com uma vida constante no Altar do Senhor.

A Arca da Aliança era o elo que unia as 12 tribos de Israel; o lugar de encontro no Santo dos Santos, onde o Senhor revelava sua vontade aos seus servos. Sinal visível e símbolo da presença de Deus entre o povo (1Sm 4.6; 2Sm 6; 1Rs 8.11). Era o próprio trono de Deus.

A principal função dos levitas no Antigo Testamento era transportar a Arca da Aliança, o que foi desempenhada até ser levada definitivamente para Jerusalém (1Cr 16.1), ocasião, então, que a função foi transformada em ministério de serviço e de louvor (1Cr 23.25-32).

Que lição devemos tirar hoje sobre os levitas? Se antigamente para levar a Arca da Aliança era preciso ser escolhido (separado). Hoje para desempenhar essa função de modo incansável, permanente, sacrificial, corajoso e com muita alegria é preciso ser consagrado, despojado, servil, humilde e não pode ser nunca para o engrandecimento pessoal. Só talento não basta, é preciso também dom que vem do alto. Se vem do alto é gratuito, de graça recebe, de graça retribui.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Saber viver é conhecer Jesus




 Leitura Bíblica: João 9.1-11

A vida pública de Jesus Cristo foi muito curta, eu diria curtíssima. Mas enquanto esteve aqui na terra curou a todos que sofriam preconceitos (fariseu, publicanos, prostitutas, gentios), problemas de saúde (leprosos, cegos, paralíticos). O texto bíblico fala de um homem que nunca havia enxergado, os cegos naquela época dependiam exclusivamente da caridade alheia, eram marcados para sempre. No entanto, foi a cegueira que fez aquele homem enxergar a divindade de Jesus.

Aquele homem deixou de ser mendigo quando reconheceu a divindade de Jesus Cristo e o adorou em espírito e verdade.

A nossa cegueira espiritual é curada quando passamos a ver o amor de Deus por nós.

A nossa cegueira é curada quando passamos a enxergar um novo caminho e ter um novo relacionamento com Deus e com as outras pessoas. Quando aprendemos a adorar somente a Deus, a perdoar e amar os outros e a colocar em prática o que a Bíblia ensina.

Quem adora Jesus sabe viver muito mais e melhor! Saber viver é conhecer Jesus. Quem não conhece Jesus não vive apenas passa pela vida.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Ceia





Na terra, no campo
À beira da estrada
O homem planta a semente
Espera a chuva
Dia após dia
Espanta os pássaros
Capina as ervas daninhas
Até a semente brotar
Crescer, espigar e dar frutos.

Colhe os frutos
Põe para secar
Esmaga os grãos
Faz a farinha de trigo
Assa o pão
Que vai para a mesa
E junto com o suco da uva
Vai também para o altar
Onde se transforma em Ceia
Memória e sacrifício
De Jesus Cristo.